domingo, 24 de maio de 2009

Televisão é perigosa para bebés com menos de dois anos


Pediatras testaram famílias portuguesas e concluíram que crianças começam a ver televisão muito cedo e durante muitas horas. Uma situação que atrasa a competência de comunicação, alertam os médicos.
"A televisão funciona como uma babysitter. É ela que toma conta da criança e a entretém." O alerta para os riscos do uso excessivo da televisão é da pediatra Fátima Pinto, autora de um estudo que analisou o comportamento televisivo de 106 crianças no Porto e conclui que estas vêm muita TV desde cedo, muitas antes dos dos 24 meses. Uma situação que leva a médica a avisar: "É completamente contra-indicada a exposição televisiva antes dos dois anos."
É que ver demasiada televisão compromete as capacidades de comunicação das crianças, de interacção e aumenta a tendência para a obesidade e para os comportamentos agressivos. Atendendo aos dados de medição de audiência da Marktest, as crianças portuguesas passam três horas por dia em frente ao ecrã. "Uma média de consumo televisivo alta e um pouco acima da média europeia", alerta a socióloga Sara Pereira.
A neuropediatra Maria José Fonseca, por seu lado, lembra que "a Academia Americana de Pediatria não recomenda TV antes dos dois anos e depois dessa idade indica uma ou duas horas de exposição diária a programas de qualidade".
Em Portugal, os médicos também não aconselham que antes dos dois anos as crianças vejam televisão. E se o fizerem, "nunca por períodos superiores a cerca de 20 minutos", diz o pediatra Mário Cordeiro. Maria José Fonseca acrescenta que é essencial que "os pais tenham controlo sobre o tempo de exposição, o tipo de programas e sempre que possível vejam esses programas com os filhos".
A crescente importância da televisão nas casas dos portugueses leva o pediatra Gomes Pedro a considerar que "estamos a avançar para uma sociedade que não privilegia a comunicação humana, mediada pelo afecto". Em vez de passar o tempo a ver televisão, os pais deviam apostar em actividades ao ar livre. "Há um ditado popular muito explícito: a necessidade aguça o engenho. E hoje as crianças têm tudo feito e não desenvolvem a capacidade imaginativa, como antigamente quando tinham de fazer os próprios brinquedos", lamenta Fátima Pinto.
O pediatra Mário Cordeiro garante que a comunicação televisiva não permite o desenvolvimento de "um vocabulário ou gramática correctos". Defende que a TV "é um aparelho que pode ser desligado e a criança deve habituar-se a ver apenas o que lhe interessa". E compara: "Não se tem a torneira aberta à espera de alguém que deseje lavar as mãos". Sara Pereira faz questão de lembrar que a televisão tem coisas boas. "Há programas muito bons para a infância que podem alargar horizontes e dar a conhecer outras realidades."

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