Investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto demonstraram que a actividade física regular e moderada tem benefícios para a criança alérgica e com asma.
Os investigadores revelam, num trabalho publicado no European Respiratory Journal, que «foi a primeira vez que estes resultados foram documentados em doentes com asma. Anteriormente apenas tinham sido sugeridos em modelos animais da doença». O estudo foi desenvolvido em colaboração com a Faculdade do Desporto da Universidade do Porto (FADEUP) e o Hospital de São João. A equipa liderada pelo investigador André Moreira avaliou dois grupos de crianças com asma alérgica persistente, num total de 34 crianças com uma idade média de 13 anos. Um dos grupos passou a frequentar sessões de 50 minutos de exercício físico de moderado a intenso, duas vezes por semana, durante três meses. Passado este período, as crianças integradas no programa de exercício físico e as não integradas (grupo de controlo) foram clinicamente avaliadas e comparadas. Os resultados demonstram que as crianças asmáticas que praticaram exercício regular e as restantes apresentam sinais da doença similares, ou seja, o exercício físico não agravou a asma dos praticantes de desporto. «Pelo contrário, nas crianças que aumentaram a sua actividade física ocorreu uma diminuição significativa dos níveis de Imunoglobina E, um anticorpo que se encontra aumentado nas pessoas que sofrem de doenças alérgicas, tais como asma», explica André Moreira. De acordo com o investigador, esta é considerada «uma descoberta importante», uma vez que existia relutância da parte de muitos profissionais de saúde e pais em recomendar a prática de exercício às crianças com asma, temendo uma exacerbação da doença .Recomenda, por isso, que «as crianças devem, idealmente, praticar actividade física moderada cinco a sete vezes por semana». André Moreira considera ainda que «é obrigatório que o médico prescreva actividade física às crianças com asma, com indicação da actividade, frequência e duração num modelo em tudo semelhante ao que é feito com os fármacos para a asma». O investigador refere que é a primeira vez que estudos realizados em humanos demonstram a acção benéfica do exercício moderado na asma. Estas novas informações médicas deverão agora ser integradas nas indicações internacionais para o tratamento da doença.
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