domingo, 31 de maio de 2009

Doenças cardiovasculares matam menos mas incapacitam mais


As doenças cardiovasculares estão a matar menos em Portugal, mas a incapacitar mais pessoas, o que representa custos muito elevados para o Estado, alerta a Fundação Portuguesa de Cardiologia, a propósito do final de Maio, 'Mês do Coração'
Apesar de ter vindo a diminuir o número de óbitos, as doenças cardiovasculares, que atingem meio milhão de portugueses, ainda são a primeira causa de morte, doença, incapacidade e custos em saúde em Portugal, segundo a Fundação Portuguesa de Cardiologia (FPC).
Estas doenças matam todos os dias mais de 100 portugueses, o que representa cerca de 35% da mortalidade total anual, sendo as principais causas os acidentes vasculares cerebrais (AVC ou trombose) e o enfarte do miocárdio (ataque cardíaco).
Em declarações à agência Lusa, o coordenador nacional para as doenças cardiovasculares, Rui Cruz Ferreira, afirmou que a mortalidade intra hospitalar tem vindo a diminuir na maior parte destas doenças, o que se deve à «vertente curativa» que tem apresentado «progressos muito significativos». Por outro lado, acrescentou, «há medidas preventivas que também contribuem seguramente para a redução da mortalidade, nomeadamente algumas terapêuticas que têm sido introduzidas nos últimos anos, como [as que têm como objectivo] baixar o colesterol, que são altamente eficazes».
No entanto, a Fundação Portuguesa de Cardiologia alerta para o facto de haver cada vez mais pessoas incapacitadas como consequência destas doenças. «A mortalidade está a diminuir, o quer dizer que o Serviço Nacional de Saúde está a responder bem, que as terapêuticas estão a ser excelentes, mas não significa que as pessoas não estejam a sofrer», disse à Lusa o médico Luís Negrão, da FPC. Estes doentes têm custos elevados para o Estado na vertente assistencial, mas também na comparticipação dos medicamentos, que muitas vezes não dão resultado por falta de colaboração do doente.
Luís Negrão deu como exemplo os hipertensos: «Cerca de 40% da população é hipertensa, mas destes só 11% é que tem a tensão arterial controlada».
A 'chave' para minimizar este problema é a prevenção, que passa, em primeiro lugar, pela consciencialização da pessoa para o facto de que tem um problema de saúde, frisou. A redução do sal na alimentação é uma das medidas defendidas por vários especialistas para combater o problema da hipertensão arterial. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que o consumo diário de sal seja de seis gramas para um adulto, mas em Portugal consome-se, em média, o dobro. A este propósito, o coordenador para as doenças cardiovasculares salientou a importância do projecto de lei aprovado em Março que estabelece que um teor máximo de sal no pão: 1,4 gramas de sal por 100 gramas de pão. Para Rui Cruz Ferreira, esta medida vai ter um «impacto fortíssimo», mas deve ser acompanhada por outras de apoio e esclarecimento da população alvo. Luís Negrão defendeu, por seu turno, que a redução do sal no pão não devia ser tão drástica porque corre-se o risco das pessoas deixarem de procurar este produto, por o acharem doce, e as panificações não cumprirem a legislação, «até porque a ASAE [Autoridade de Segurança Alimentar e Económica] não vai poder estar em todas as padarias a fiscalizar o pão».
Há três anos que o Museu do Pão fabrica o 'Pão São', com teor de sal reduzido e que é distribuído a nível nacional, atingido uma produção de 1,5 milhões por ano. Com o 'Pão São' ficou provado que «é possível fabricar-se pão com teor de sal reduzido sem que o sabor se venha a perder», disse à Lusa o Presidente da Fundação do Museu do Pão, António Quaresma, adiantando que a procura deste alimento tem vindo a crescer de ano para ano.

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