sábado, 23 de maio de 2009

Consumo isolado de alimentos não reduz risco cardíaco



Uma revisão de quase 200 estudos mostra que há pouca evidência que alimentos como salmão, grãos integrais e fibras consigam, sozinhos, reduzir o risco cardíaco.
Segundo os autores do texto, publicado no "Archives of Internal Medicine", um dos jornais da Associação Médica Americana, apenas nozes, vegetais e a dieta do Mediterrâneo apresentaram forte relação com a diminuição dessas doenças.
Entre os itens que demonstraram pouca relação com a protecção do coração aparecem peixes, ácidos gordos ómega 3 de fontes marinhas, grãos integrais, fibras, álcool e vitaminas C, E e betacaroteno - justamente os mais presentes em pesquisas sobre o tema.
«Peixe, fibras, cereais integrais continuam a ser benéficos, mas dentro de um estilo de vida saudável e de uma alimentação equilibrada», enfatiza o cardiologista Carlos Scherr, da Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro, à Folha Online. «Isso quer dizer que comer só peixe não resolve».
Na verdade, é o estilo de vida o factor determinante do risco cardíaco. Ou seja, a qualidade da alimentação no seu conjunto, e não o consumo isolado de alimentos.

O "Lyon Diet Heart Study", um grande estudo francês feito na década de 1990, revelou que a dieta mediterrânea traz benefícios ao coração por outros mecanismos além da redução de gorduras. Os autores notaram que a mortalidade diminui mesmo sem grandes quedas nas taxas de colesterol. Segundo o nutricionista Edson Credidio, da Academia Latino-Americana de Nutrição, a dieta mediterrânica é a mais saudável do planeta, pois, além de diminuir a incidência de doenças cardíacas em 33%, reduz o risco de cancro em 24% e também a probabilidade de desenvolver doenças como Alzheimer.
Para Daniel Magnoni, cardiologista do Hospital do Coração, em São Paulo, é o estilo de vida mediterrâneo que garante benefícios. «Mas isso inclui praticar actividade física além da alimentação».

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