sábado, 2 de maio de 2009

Álcool: estudo revela consumo abusivo e dependência de jovens


Os jovens bebem demasiadas bebidas alcoólicas, e uma percentagem significativa já é dependente do álcool, revela um estudo médico realizado em Coimbra durante a Queima das Fitas e hoje divulgado.
A investigação coordenada pela médica Rosa Costa, e realizada em 2008 no âmbito daquela festa académica, conclui que os jovens não apenas consomem excessivamente durante o evento, como têm hábitos alcoólicos preocupantes ao longo do ano.

«Os resultados obtidos permitem tirar a ilação de que o consumo de bebidas alcoólicas excessivo é habitual em 50 por cento da amostra, pois 44,5% foram classificados como tendo um consumo nocivo/abuso e 5,6% foram considerados dependentes», revela a clínica no estudo, divulgado na véspera do maior acontecimento da Queima das Fitas 2009, o Cortejo dos Quartanistas.
A investigadora acrescenta que «o consumo nocivo/abuso e a dependência foram mais frequentes no sexo masculino e entre os 18 e os 29 anos. Nas idades mais jovens (15-17 anos) foram encontrados sete casos de consumo nocivo/abuso e dois casos de dependência alcoólica».
Na amostra, em que participaram 395 pessoas (68,4% do sexo masculino), com idade média de 22,8 anos (o mais jovem tinha 15 anos e o mais velho 47 anos), pretendia-se determinar os níveis de alcoolemia e avaliar os hábitos alcoólicos e tabágicos.
Realizado no recinto onde decorriam os concertos das Noites do Parque, o estudo consistiu num questionário anónimo e na medição da taxa de álcool no sangue, com recurso a um alcoolímetro.
«O nível de alcoolemia médio foi de 1,2 mg/dl. O valor máximo de alcoolemia detectado foi de 4 mg/dl. Constatei que 71% dos indivíduos tinham uma alcoolemia superior à permitida por lei (0,5 mg/dl), sendo que a maioria pertencia ao sexo masculino», revela a médica no seu estudo.

Quanto aos hábitos tabágicos, na amostra, 43% eram fumadores e, na altura, a grande maioria, um pouco mais de 85%, afirmara concordar com a lei que proíbe o fumo em locais públicos, que havia entrado em vigor três meses antes (Janeiro de 2008).
A maioria (76%) apresentava dependência baixa da nicotina e quase 40% dos fumadores tinham uma motivação moderada/elevada para parar de fumar, acrescenta.
«Face aos resultados obtidos, penso que seria importante, no futuro, como forma de intervenção, intensificar as campanhas de hábitos de vida saudável, e estendê-las por todo ano e não apenas nesta altura da semana académica da Queima das Fitas», refere a médica do Centro de Saúde da Fernão de Magalhães, em Coimbra.

Segundo Rosa Costa, «a intervenção para este grupo deveria ser mais intensiva e prolongada», durante todo o ano, quer quanto ao consumo excessivo de álcool, quer quanto ao consumo de tabaco. Na sua perspectiva, os próprios serviços médico-universitários poderiam disponibilizar consultas direccionadas à prevenção do consumo excessivo de bebidas alcoólicas, e para desabituação tabágica.
O estudo de Rosa Costa contou com o apoio logístico da associação Saúde em Português e da Comissão Central da Queima das Fitas 2008.

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