O surto de Gripe A já infectou mais de 1.500 pessoas em todo o mundo e está a lançar o pânico a nível global. Mas haverá de facto razão para tantos alarmes?
É no México que tudo parece ter começado: em Março, várias agências de saúde pública alertaram para surtos de um novo tipo de gripe em três áreas do país. Trata-se de uma doença respiratória que começa em criadores de porcos e parte de um vírus gripal do tipo A que se propaga rapidamente. No México há já pelo menos 56 mortes confirmadas e mais de 2.000 infectados mas os números não param de aumentar. Quase imediatamente, a Gripe A começou a espalhar-se para fora do país, havendo, quase desde a primeira hora, casos confirmados nos Estados Unidos e no Canadá. Logo a seguir, o vírus entrou na Europa, com casos confirmados em Espanha, no Reino Unido, na Alemanha, na Suíça e na Áustria. E a cada hora que passa, parecem surgir dos mais diversos países notícias de pessoas hospitalizadas com sintomas da doença, tendo já sido registados mais 5.000 infectados em todo o mundo.
Contudo, além das mais de quatro dezenas de falecimentos no México, só os EUA, o Canadá e a Costa Rica registaram outras mortes associadas à doença, e em número infinitamente mais reduzido: duas no primeiro caso e uma em cada um dos dois últimos. O menor nível de higiene no México levou à propagação mais rápida e inicialmente descontrolada da doença, o que não tem sucedido nos países mais desenvolvidos, em que os casos são imediatamente localizados, contidos e tratados. Apesar disso, nesta altura, os EUA já ultrapassaram o México em número de casos registados.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) elevou o nível de alerta para a fase 5, o segundo nível mais alto da escala, logo abaixo do de pandemia, o que significa que os governos devem manter-se preparados para a possibilidade de a doença se transformar numa pandemia de alcance mundial. O critério principal para anunciar um nível de alerta destes é o facto de a doença ter desenvolvido dois focos autónomos em dois países diferentes.
O que é a Gripe A?
A Gripe A é uma doença respiratória provocada por ortomixovírus endémicos aos porcos. Até à data, as correntes isoladas da doença têm sido classificadas como vírus gripais de tipo C ou de tipo A, como é o caso da que está actualmente a grassar pelo mundo, que é do tipo AH1N1.
Embora a Gripe A não seja um acontecimento raro em determinadas zonas do globo, afectando directamente pessoas em contacto com os suínos, já houve ameaças anteriores de pandemia alargada, como a que se verificou nos EUA em 1978 e nas Filipinas em 2007. As origens do vírus H1N1 ainda não estão completamente determinadas, mas tudo indica que se trata de um híbrido de matrial genético de aves, humanos e porcos. Hoje, no léxico comum, aplica-se a designação de "gripe suína" àquela que afecta unicamente os porcos e "Gripe A" aquela que está actualmente a afectar os seres humanos.
A Organização Mundial de Saúde expressou bastante preocupação com a doença, essencialmente pelo facto dela se transmrtir não só pelos animais mas também de humano para humano, determinando tratar-se de «uma emergência de saúde pública de âmbito internacional» e sublinhando o conhecimento ainda deficiente das «características clínicas, epidemiologia e virulogia dos casos confirmados e das respostas apropriadas».
Como se contrai a Gripe A?
À partida, o vírus da Gripe A contrai-se através do contacto directo com os animais infectados, mas sabe-se já que também pode espalhar-se pelo ar, através de tosses e espirros. Além disso, evidências crescentes mostram que pequenas partículas do vírus podem resistir em mesas, telefones e outras áreas e serem transferidas pelos dedos quando levados à boca, nariz ou olhos. O vírus não pode, como já foi amplamente sublinhado, ser transmitido através do consumo de carne de porco, uma vez que a temperatura de cozedura (71º Celsius) destrói os vírus e as bactérias.
Quais os sintomas da Gripe A?
Os sintomas não são muito diversos dos de uma gripe comum, embora se agravem rapidamente. Consistem numa febre repentina (acima dos 38ª C.), congestionamento nasal, tosse intensa, falta de apetite e intensa dor de cabeça e de articulações.
Para saber se se está infectado pelo vírus, é efectuado um «exame clínico detalhado», que analisa secreções de nariz e laringe durante as primeiras 24-72 horas, e de sangue para identificar anticorpos.
Há vacinas ou cura para a doença?
Vacinas só existem para os próprios porcos, não para o ser humano. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a vacina existente para humanos é para uma cepa anterior ao vírus, com o qual não é tão eficaz. Mas «a produção de vacina pode tornar-se possível na medida em que o vírus tenha sido identificado».
Nos casos confirmados, as autoridades mexicanas fornecem os antivirais "oseltamivir" e "zanamivir", mas sob estrita supervisão médica já que são fórmulas «de uso delicado» e uma má aplicação «não está isenta de efeitos secundários». O Tamiflu, o medicamento que contém o seltamivir, utilizado contra a gripe aviária, é eficaz, segundo a OMS.
Como prevenir a gripe suína?
Segundo a Direcção Geral de Saúde (DGS), há medidas essenciais a viajantes que se desloquem para regiões afectadas:
- Lavagem frequente das mãos, com água e sabão, para reduzir a probabilidade de transmissão da infecção;
- Cobrir a boca e nariz quando espirrar ou tossir, usando lenço de papel sempre que possível;
- Utilizar lenços de papel, que devem ser de uso único, depositando-os num saco de plástico que deve ser fechado e colocado no lixo após utilização;
- Limpar superfícies sujeitas a contacto manual (como maçanetas das portas) com um produto de limpeza comum.
O cumprimento destas indicações é muito importante igualmente em crianças. Nos próprios locais, sugere-se também o afastamento de outras pessoas que possam estar infectadas, além da tentativa de evitar grandes aglomerações, e de trabalhar e até repousar em casa se a infecção se espalhar pela comunidade. Naturalmente que qualquer um com os sintomas semelhantes ao da gripe suína – ou de qualquer outra gripe -, como febre repentina, tosse ou dores musculares, deve evitar o trabalho ou o transporte público e deve realizar exames médicos.
Muito importante ainda é que os viajantes que regressem de áreas atingidas ou que tenham tido contacto próximo com qualquer pessoa infectada e que apresentem sintomas de gripe devam permanecer em casa e ligar para a Linha Saúde 24, através do número 808 24 24 24 e seguirem as instruções que lhes forem dadas.
No ano passado, só em Portugal, morreram 1900 pessoas (!!!) vitimadas pela gripe comum. Terei lido bem ou sonhei com este número? Parece-me que, neste caso, a informação das populações não tem sido a mais completa. Deixam-se algumas questões fora da abordagem mediática e gera-se uma certa confusão.
ResponderEliminar