sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Doenças sexualmente transmissíveis: esclareça as dúvidas


A propósito do Dia de São Valentim, assinalado a 14 de Fevereiro, respondemos a algumas questões sobre DST, para que possa namorar em segurança… e com saúde!
Muitos temas deveriam ser abordados a propósito do Dia dos Namorados. Mas, ao nível da Saúde, um deles se impõe: as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), que se contraem através de contacto sexual (o que inclui o contacto íntimo com pessoas do outro ou do mesmo sexo).
Se pensa que só acontecem aos outros, está muito enganado(a)! A sua incidência tem vindo a aumentar substancialmente nos últimos anos. Por isso, é tempo de esclarecer algumas questões.
As DST's mais comuns, para além da SIDA, são a sífilis, a gonorreia, o herpes genital, a clamydia e os papilomas.
Algumas DST's têm cura, como a sífilis, a gonorreia ou chlamydia, que são sensíveis a determinados antibióticos. Outras doenças, como a SIDA e o herpes, não têm actualmente cura, ainda que os seus sintomas possam ser controlados através do uso de medicamentos específicos.

SÍFILIS
A sífilis é uma DST que tem consequências em todo o organismo, causada por um agente infeccioso chamado treponema pallidum. Cerca de três semanas após o contacto sexual com uma pessoa infectada, surge uma ferida não dolorosa, localizada nos órgãos genitais, na boca ou no ânus, conforme o tipo da relação sexual infectante. Note-se que, na mulher, esta ferida ou ulceração pode localizar-se na vagina ou no colo do útero e, por isso, não é visível. «Trata-se, habitualmente, de uma lesão única mas podem aparecer várias e os gânglios que lhe estão próximos ficam aumentados de volume», esclarece a médica Ana Ferrão, coordenadora da Unidade de Saúde Familiar Marginal, do Centro de Saúde de Cascais.
Algumas semanas depois, mesmo sem tratamento, a lesão cura, mas a infecção continua no organismo. Semanas ou meses depois, aparecem manchas no corpo (que não dão comichão e podem ser acompanhadas de febre, mal-estar, dor de garganta e rouquidão), que atingem as palmas das mãos e plantas dos pés. Neste estado, chamado período secundário sifilítico, os sintomas podem desaparecer sem tratamento, permanecendo, no entanto, a infecção.
De referir que a mulher grávida que sofre de sífilis não tratada pode transmitir a doença ao feto, que, nesse quadro, se denomina sífilis congénita. «Os sintomas mais característicos são alterações dos dentes incisivos, cegueira, surdez e lesões ósseas com deformação característica das tíbias e do dorso do nariz», adianta a médica de família.
O diagnóstico da sífilis pode fazer-se através de análises de sangue. Nas fases iniciais, o tratamento, feito com penicilina, é fácil e eficaz.

GONORREIA
A gonorreia é uma DST relativamente frequente, em particular nos jovens adultos. É causada por uma bactéria, que pode viver nas membranas mucosas que protegem a garganta, o colo do útero, a uretra ou o ânus. No homem, a gonorreia dá geralmente sintomas mais intensos que na mulher, com corrimento purulento (como pus) através da uretra, ardor ao urinar e dor nos testículos. Nos homossexuais, pode haver envolvimento do recto com emissão de pus e dor. Nas mulheres, é mais frequente que a gonorreia não cause sintomas, principalmente quando a infecção se localiza no colo do útero, o que sucede em cerca de 20% dos casos. Nos outros casos, há corrimento vaginal purulento e ardor ao urinar.
Actualmente, a gonorreia é uma doença fácil de tratar e que cura habitualmente sem deixar lesões, quando diagnosticada e tratada precocemente. «No entanto, quando não se faz o tratamento correcto ou quando o diagnóstico é tardio (como pode acontecer nas formas assintomáticas que atingem o colo do útero na mulher) podem surgir complicações graves como aperto da uretra no homem, infertilidade na mulher, úlceras da córnea e problemas cardíacos e neurológicos», avisa a médica Ana Ferrão.
Para além do contágio por via sexual, a gonorreia pode transmitir-se por auto-inoculação (passagem da infecção de um local para outro do corpo feita pelo próprio), ou de uma mãe infectada para o filho, no momento do parto.

CHLAMYDIA
A infecção pela bactéria Chlamydia é uma das doenças de transmissão sexual mais frequente, podendo também ser transmitida a um recém-nascido durante o parto se a grávida se encontra infectada.No homem, a Chlamydia provoca habitualmente uma inflamação da uretra, com corrimento uretral e ardor ao urinar. Na mulher, na maior parte dos casos, a infecção não produz sintomas, podendo, no entanto, ocasionar corrimento ligeiro, sendo que outros sintomas possíveis são o ardor ao urinar e dores na parte inferior da barriga. A infecção pode afectar os órgãos sexuais internos da mulher, sendo uma causa frequente de esterilidade por inflamação das trompas. Não tratada, aumenta também o risco de gravidez ectópica (em que o desenvolvimento do embrião se faz fora do útero) e de parto prematuro.
O diagnóstico pode fazer-se por análises ao sangue. Na mulher, um exame ginecológico anual com realização de colpocitologia contribui para o diagnóstico de infecções não sintomáticas do colo do útero. A infecção cura-se facilmente recorrendo ao tratamento correcto.

HERPES GENITAL
O herpes genital é uma infecção frequente, que atinge os órgãos genitais após o contacto sexual com um indivíduo infectado e que evolui por surtos ou episódios recorrentes. O primeiro episódio de herpes genital causa mal-estar, dor de cabeça, por vezes febre e dores musculares, ardor localizado à região genital e dor a urinar. A erupção típica tem inicialmente a forma de vesículas avermelhadas que causam ardor e que, posteriormente, rebentam formando uma ferida com uma crosta de cor amarela. "Estas lesões, que costumam ser exuberantes no primeiro episódio, levam duas a três semanas a cicatrizar e são acompanhadas de aumento de volume dos gânglios das virilhas", informa a médica de família Ana Ferrão. "Após o primeiro episódio, o vírus herpes, que se mantém em estado latente no organismo, entra periodicamente em actividade causando novos surtos menos prolongados e dolorosos". O surto começa com formigueiro e ardor localizado numa zona dos órgãos genitais, a que se segue o aparecimento de vesículas avermelhadas que ulceram e criam crosta, demorando oito a dez dias a cicatrizar.
As mulheres grávidas com história de herpes genital devem informar o seu médico sobre a doença, para que sejam tomadas as medidas necessárias para que não haja contágio do bebé durante o parto.
Por enquanto, o herpes genital não tem cura. O tratamento que se faz actualmente tem por objectivo reduzir a duração dos surtos e espaçar o seu aparecimento.

VERRUGAS GENITAIS/INFECÇÃO POR HPV
As verrugas genitais, erupções da pele localizadas nos órgãos genitais, são causadas pelo vírus do papiloma humano (HPV). Quando alguém contrai a infecção pelo HPV torna-se portador do vírus por longos períodos ou pelo resto da vida e pode disseminá-lo através do contacto sexual, mesmo sem apresentar sintomas da doença (ou seja, verrugas genitais). Algumas espécies de HPV provocam alterações nas células do colo do útero que são pré-cancerígenas, isto é, com o tempo podem evoluir para cancro do colo do útero.
Actualmente, o Programa Nacional de Vacinação já contempla vacina contra o HPV. Mas, para todas as mulheres, é indispensável a observação ginecológica periódica.


PEDICULOSE PÚBICA
Os piolhos da púbis são parasitas dos pêlos à volta da vulva, do pénis e do ânus. O contágio pode acontecer por contacto sexual ou através da roupa. Para os eliminar, é aconselhável rapar os pêlos da púbis, pois tal torna mais fácil o controlo da doença, que deve ser tratada por um médico especialista.

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