A hipertensão atinge cerca de dois milhões de portugueses.
É um reconhecido factor de risco das doenças cardiovasculares e, só em Portugal, atinge cerca de dois milhões de pessoas. Mas a hipertensão é, muitas vezes, uma doença silenciosa, estimando-se que apenas metade tenha conhecimento de que sofre de pressão arterial elevada. Urge, por isso, mais informação sobre esta patologia.
O que é a hipertensão?
Quando se mede a pressão arterial, registam-se dois valores: um mais elevado, que se produz quando o coração se contrai (sístole); e outro mais baixo, que corresponde à relaxação entre um batimento e outro (diástole). Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), os valores de referência situam-se entre os 120 e 130 mm Hg (milímetros de mercúrio) para a pressão sistólica, e os 80 e 85 mm Hg para a diastólica. Quanto a pressão sistólica (chamada de «máxima») é igual ou superior a 140 mm Hg, e/ ou a pressão diastólica (chamada de «mínima») é igual ou superior a 90 mm Hg, está-se perante um caso de hipertensão (geralmente, tanto a pressão sistólica como a diastólica são elevadas, mas pode ocorrer apenas um dos valores estar aumentado).
Contudo, qualquer indivíduo pode apresentar pressão arterial acima de 140/ 90 mm Hg sem que seja considerado hipertenso. Apenas a manutenção de níveis permanentemente elevados, em múltiplas medições, em diferentes horários e posições e condições (repouso, sentado ou deitado) caracteriza a hipertensão arterial.
Como se faz o diagnóstico da doença?
O diagnóstico é feito através da medição da pressão arterial e pela verificação de que os seus níveis estão acima do limite normal, em várias medições sucessivas e em dias diferentes. Só é considerado hipertenso um indivíduo que tenha valores elevados em, pelo menos, três avaliações seriadas. Compete ao médico fazer o diagnóstico da doença, uma vez que a pressão arterial num adulto pode variar devido a factores como o esforço físico ou o stress, sem que tal signifique que o indivíduo sofre de hipertensão arterial.
Quais são as causas da hipertensão?
Cerca de 90% dos casos de pressão arterial elevada têm uma causa desconhecida, chamando-se a essas situações hipertensão primária. Quando a causa é conhecida, a afecção denomina-se hipertensão secundária.
Entre 5% e 10% dos casos têm como causa uma doença renal, e entre 1% e 2% têm a sua origem numa perturbação hormonal ou no uso de certos fármacos.
Há factores de risco?
A obesidade, o sedentarismo, o consumo excessivo de sal e/ou de álcool, o tabagismo e o stress são, provavelmente, factores de risco no aparecimento da hipertensão arterial em pessoas que possuem uma sensibilidade hereditária. A idade também é outro factor a ter em atenção. Em geral, quanto mais idosa for a pessoa, maior a probabilidade de desenvolver hipertensão arterial. Cerca de dois terços das pessoas com idade superior a 65 anos são hipertensas.
Pode-se prevenir a hipertensão?
A adopção de um estilo de vida saudável constitui a melhor forma de prevenir a hipertensão arterial. Assim, recomenda-se:
- Redução da ingestão de sal;
- Preferência por uma dieta rica em frutos, vegetais e com baixo teor de gorduras saturadas;
- Prática regular de exercício físico;
- Consumo moderado de álcool (um máximo de 30 ml de etanol por dia nos homens, e 15 ml por dia para as mulheres);
- Cessação tabágica;
- Redução de peso, no caso dos indivíduos obesos;
- Controlo do stress.
Quais os sintomas que estão associados à doença?
Habitualmente, a hipertensão arterial não provoca quaisquer sintomas (a única maneira de a detectar é verificando valores tensionais elevados, através da medição da pressão arterial). Em alguns casos, a hipertensão arterial pode, contudo, manifestar-se através de sintomas como dores de cabeça, tonturas, cansaço ou um mal-estar vago e difuso – sinais que são comuns a várias outras doenças. No entanto, com o decorrer dos anos, uma hipertensão não tratada acaba por lesar os vasos sanguíneos e os órgãos vitais (o cérebro, o coração e os rins), provocando sintomas e sinais de alerta vários.
Quais os problemas que a hipertensão pode desencadear?
Quando a pressão arterial elevada não é tratada, o risco de se desenvolver uma doença cardíaca (como a insuficiência cardíaca ou um enfarte de miocárdio), uma insuficiência renal e um acidente vascular cerebral (AVC) aumenta. Aliás, a hipertensão arterial é o maior factor de risco de um AVC – a principal causa de morte em Portugal – e é também um dos três factores principais de risco de enfarte do miocárdio (juntamente com o hábito de fumar e o colesterol elevado). Para além de poder levar a lesões graves nos órgãos vitais – e, consequentemente, a incapacidades e até à morte –, a hipertensão arterial é também um factor de risco para aterosclerose (espessamento e perda de elasticidade das artérias). Por isso, praticamente todos os órgãos do corpo podem sofrer lesões.
Quais as formas de tratamento?
A hipertensão arterial, como doença crónica que é, não tem cura. Contudo, é possível um controlo eficaz, baseado na reformulação dos hábitos de vida, e, se necessário, também através de medicação.
Tratamento não farmacológico
A adopção de um estilo de vida saudável proporciona, geralmente, uma descida significativa da pressão arterial. A prática de uma alimentação equilibrada – nomeadamente uma redução no consumo de sal e de álcool – e de exercício físico regular são medidas recomendadas. A diminuição do consumo de sal reduz a pressão arterial em grande número dos hipertensos – e não é, necessariamente, uma medida difícil de cumprir! A habituação ao sabor salgado é facilmente moldável e, por isso, em poucas semanas, as papilas gustativas habituar-se-ão aos novos sabores. Já através de uma prática física regular também se pode reduzir significativamente a pressão arterial. O exercício escolhido deve compreender movimentos cíclicos (como marcha, corrida, natação ou dança, por exemplo). A perda de peso (no caso dos doentes com excesso de peso ou obesidade), a diminuição do stress, a cessação tabágica e a minimização do uso de medicamentos que possam elevar a pressão arterial (como anticoncepcionais orais ou anti-inflamatórios) são outras medidas desejáveis.
Tratamento farmacológico
Quando as medidas não farmacológicas são insuficientes tem que se recorrer aos medicamentos. No entanto há que lembrar que os fármacos também não curam a hipertensão: só a controlam. Por isso, uma vez iniciado, o tratamento medicamentoso deverá, em princípio, ser continuado a mantido por toda a vida. Hoje em dia, existem muitos fármacos eficazes na redução da pressão arterial. Compete ao médico decidir qual o mais apropriado. Em alguns casos, não basta apenas um, sendo necessária uma medicação combinada. Quando judiciosamente utilizada, a terapêutica permite controlar a hipertensão na esmagadora maioria dos casos. De qualquer modo, o tratamento farmacológico não dispensa, claro, a adopção de hábitos de vida mais saudáveis!
Todos devem vigiar a pressão arterial!
Damos-lhe um conselho: meça a sua tensão arterial!
Os números são elucidativos: existem cerca de dois milhões de portugueses hipertensos, mas apenas metade sabe que tem a doença. Talvez porque a fase inicial da hipertensão arterial se caracteriza, muitas vezes, pela ausência de quaisquer sintomas. Por isso, a medição regular da tensão arterial deve ser um hábito a seguir. Todos os adultos, em particular os obesos, os diabéticos e os fumadores ou com história de doença cardiovascular na família, devem medir a sua pressão arterial, pelo menos uma vez a cada 3 meses. A detecção precoce e o controlo adequado da hipertensão arterial podem, comprovadamente, reduzir o risco de incidência de doença cérebro-cardiovascular, e, assim, os números de incapacidade e de mortalidade.
Sem comentários:
Enviar um comentário