A pele é o maior dos órgãos do nosso corpo. É também o mais visível e o mais exposto a incidências de factores exteriores; por isso é um autêntico cartão de visita.
Com o envelhecimento, a pele torna-se mais seca e enrugada. Começam também a aparecer manchas e nódulos e as cicatrizações tornam-se mais lentas. Grande parte destas alterações são naturais, inevitáveis e inofensivas. Mas algumas, como os cancros da pele, são muito sérias e exigem um tratamento imediato. As rugas que se vão formando na pele dependem do período de exposição solar a que foi sujeita. Mas os cigarros podem também dar o seu contributo, assim como a hereditariedade.
O sol é a principal causa das indesejáveis rugas que vão surgindo com o envelhecimento. Para evitar as rugas provocadas pelo sol, é necessário começar logo na infância, usando um creme protector solar com um factor de protecção nunca inferior a 15. É também recomendável o uso de um chapéu e evitar sempre a exposição excessiva ao sol. À medida que envelhecemos, a nossa pele vai-se tornando cada vez mais seca. Isto pode resultar numa pele flácida ou com um aspecto escamoso. Os casos ligeiros de pele seca podem ser tratados por meio de produtos adequados usados após o banho, enquanto a pele está ainda húmida. Um especialista poderá aconselhar na escolha dos mais apropriados para as condições particulares de cada pele. Também se podem acrescentar óleos à água do banho. A água muito quente é menos adequada para a pele seca do que a simples água morna. Após o banho, é aconselhável a aplicação imediata de um produto hidratante. Os casos sérios de pele flácida ou escamosa podem ser sinais de problemas mais graves. A irritação e comichão são também problemas muito comuns. Geralmente associado à pele seca, podem ter outras causas, como certos tecidos ou sabonetes. Identificar e evitar a exposição às causas é o mais importante.
O maior inimigo
As excrescências e lesões na pele tornam-se geralmente mais vulgares com o envelhecimento. Podem ser completamente inofensivas. Mas podem também indicar a existência de cancro da pele que exige tratamento imediato. A maioria são provocados por anos e anos de exposição ao sol. Entre as alterações mais comuns figuram as manchas encarnadas e escamosas. No seu estado inicial podem ser tratadas através da aplicação de um creme adequado. Quando ignoradas podem degenerar e transformar-se em cancros da pele que só poderão ser removidos cirurgicamente. O carcinoma escamoso das células surge tipicamente nos bordos das orelhas, na face, nos lábios e nas costas das mãos. Estes cancros da pele destroem o tecido normal e podem eventualmente espalhar-se, chegando mesmo a atingir os órgãos internos. O mais comum dos cancros da pele designa-se por carcinoma basal das células. Surge normalmente como uma espécie de borbulha na cabeça, no pescoço ou no peito. É mais habitual nas pessoas idosas e magras com cabelo louro ou ruivo e olhos azuis ou verdes. Quando não são tratados, estes cancros da pele podem sangrar e formar crostas. Crescem lentamente e raramente se espalham a outras partes do corpo. Quando tratados atempadamente, o carcinoma escamoso e o carcinoma basal são quase sempre curáveis.
O perigo do sol
O melanoma maligno é uma forma de cancro menos habitual, mas muito mais perigosa. Este cancro da pele surge normalmente como uma espécie de crosta, castanha escura ou negra, com bordos irregulares. Os homens com idades superiores a 50 anos correm um risco maior de contrair melanoma, embora este tipo de cancro possa afectar uma pessoa em qualquer idade. O melanoma tem sido associado a sérias queimaduras solares durante a infância. As localizações mais habituais do melanoma são as costas, o peito e o abdómen. Nas mulheres, manifesta-se muitas vezes na parte inferior das pernas.
Algumas das modificações cutâneas resultantes do envelhecimento não causam preocupações especiais. As mais comuns entre os idosos são:
- Manchas acastanhadas - São provocadas pelo sol e surgem habitualmente no rosto, nas mãos, nas costas e nos pés. São geralmente inofensivas, a não ser que evoluam e se transformem em áreas escuras e de forma irregular. Nestes casos, podem ser uma forma de melanoma e exigem avaliação e tratamento.
- Quistos castanhos ou negros - Parecem implantados na superfície da pele. Não são cancerosos e são muito comuns nos idosos. Quando incómodos, podem ser facilmente retirados.
- Pequenas borbulhas de um encarnado brilhante – Devem-se à dilatação e inflamação dos vasos sanguíneos. Ocorrem em mais de 85% dos idosos, usualmente no tronco. Podem ser removidas por um especialista.
- Dilatação dos vasos sanguíneos faciais - Está relacionada com os efeitos do sol. As doenças da pele mais comuns entre os idosos são a herpes zoster, as veias varicosas, as úlceras nas pernas e a dermatite seborreica.
- Herpes zoster - É causada por um vírus. O resultado são borbulhas e pústulas irritantes no couro cabeludo, no rosto, no tronco ou nas extremidades. Esta doença geralmente só ataca um dos lados do corpo. Os sintomas iniciais são dores musculares e fadiga. Pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais comum e doloroso entre os adultos e idosos. A herpes zoster pode assumir certa gravidade e provocar complicações. O dermatologista deve ser consultado imediatamente, especialmente se a doença aparecer perto dos olhos. O tratamento é mais eficiente quando iniciado assim que aparecem os sintomas.
- Dermatite seborreica - Os seus sintomas são a aparição de escamas de aspecto gorduroso. Geralmente afecta áreas do corpo com alta concentração de glândulas sebáceas, como o couro cabeludo, o nariz, as sobrancelhas, por trás das orelhas e a parte média do peito. Pode ser facilmente combatida e até pode desaparecer por si mesma, mas tem tendência para reaparecer. A lavagem frequente pode ser muito útil. Mas também poderão ser aconselháveis medicamentos tópicos e champôs específicos.
- Veias varicosas – Corresponde às situações em que as veias das pernas se tornam azuladas e protuberantes. São comuns entre os idosos e geralmente não representam nenhum perigo grave. A dor associada às veias varicosas pode ser aliviada evitando-se permanecer por muito tempo em pé, mantendo os pés elevados quando sentado ou deitado e através do uso de meias e ligaduras elásticas. Os casos mais sérios podem ser tratados por meio de uma cirurgia.
- Úlceras varicosas - As mesmas causas que provocam as varizes podem também provocar as úlceras varicosas. Muitas vezes chegam a infectar e podem durar meses ou mesmo anos. As úlceras nas pernas podem também ser causadas por uma circulação sanguínea deficiente, uma situação que se associa normalmente a outros problemas, como a arterioesclerose, a hipertensão e a diabetes.
- Hemorragias - Muitos idosos queixam-se de manchas negras ou azuladas causadas por hemorragias superficiais, em especial nos braços e nas pernas. São normalmente resultantes de a pele se tornar mais frágil com a idade e os efeitos do sol. Quando localizadas em zonas habitualmente cobertas por roupa devem ser avaliadas clinicamente. Por vezes podem ser provocadas por certos medicamentos que interferem nos factores de coagulação do sangue ou por outras doenças.
Procure um dermatologista
Embora muitas das alterações que a nossa pele vai registar com o envelhecimento não sejam preocupantes, há alguns sinais de problemas mais sérios que não devem ser ignorados.
É aconselhável que procure um dermatologista se notar alguma modificação na pele ou aparecimento de manchas, borbulhas e/ou crostas como as referidas anteriormente.