quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Idosos fisicamente activos possuem melhor vasculatura cerebral


Uma pesquisa recente mostrou que idosos que praticam actividade aeróbica regular apresentaram uma melhoria da vasculatura cerebral. O trabalho foi publicado na revista "American Journal of Neuroradiology". Através de uma técnica de angiografia por ressonância magnética, foi examinado o número e formato dos vasos sanguíneos cerebrais de sete idosos fisicamente activos e sete idosos sedentários, entre os 60 e 80 anos. O grupo activo participou em actividades aeróbicas, no mínimo 180 minutos por semana nos últimos dez anos, e o outro grupo não apresentava historial de exercício físico regular. Os idosos activos exibiram um maior número de pequenos vasos e baixos valores de vasos tortuosos que os idosos com baixo nível de actividade física. Os dados deste estudo estão de acordo com estudos anteriores que indicam que pessoas idosas aerobicamente activas tendem a preservar uma melhor anatomia cerebral que idosos sedentários. No entanto, mais pesquisas são necessárias para concluir se a actividade aeróbica em pessoas idosas previamente sedentárias pode reverter as alterações anatómicas e funcionais cerebrovasculares associadas ao avançar da idade.
Não se esqueça: praticar exercício físico regular traz imensos benefícios tanto a nível físico como psicológico!

Portugueses pioneiros em estudo da cafeína no Alzheimer


Nos últimos tempos, sucedem-se os estudos demonstrando o efeito protector da cafeína em relação ao desenvolvimento de Alzheimer, uma doença neurodegenerativa sem cura. Tudo começou em 2002, com a publicação de um artigo de dois investigadores portugueses. Esta é a história desse artigo pioneiro, no 'European Journal of Neurology'.
Um estudo publicado esta semana no Journal of Alzheimer Disease mostra que uma dose de cafeína equivalente a cinco chávenas diárias de café permite reduzir significativamente, no cérebro e no sangue de ratos idosos com Alzheimer, os níveis da proteína ligada à doença, diminuindo também os seus sintomas. Este é só o último de uma série de estudos nesta área, que se iniciaram no final da década de 90, pela mão de dois portugueses: Luís Maia e Alexandre Mendonça. Um pioneirismo que tem uma história e cujo futuro parece promissor.
Psicólogo de formação, Luís Maia decidiu fazer no final da década de 90 um mestrado diferente. Rumou à Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, e foi aceite no mestrado de neurociências. Sob a orientação de Alexandre Mendonça, neurologista e especialista em doenças neurodegenerativas no Hospital de Sta. Maria, em Lisboa, o hoje professor e investigador da Universidade da Beira Interior lançou-se numa investigação que acabou por um abrir um novo caminho. "Em 1999 saiu um artigo de cientistas norte-americanos, no qual se relatava um efeito neuro-protector da nicotina na doença de Parkinson", contou ao DN Luís Maia. Por essa altura, estavam também a ser desenvolvidos estudos para se perceber que factores poderiam ser neuroprotectores no envelhecimento. As xantinas, substâncias-primas da cafeína, tinham bons resultados em ensaios clínicos, em alguns países, e deste contexto surgiu a ideia de estudar a cafeína - um dos produtos "mais consumidos do mundo", sublinha Luís Maia -, em relação à doença de Alzheimer. "Lembrámo-nos de trabalhar com os doentes do Serviço de Neurologia do Hospital de Sta. Maria, olhando para a sua história de vida, e tentar perceber se a cafeína podia ser isolada como factor neuroprotector da doença", conta.
A pergunta era arriscada e o resultado poderia ter sido negativo. Mas o que aconteceu foi o contrário. "Utilizámos uma metodologia muito refinada, o estudo de caso - controlo emparelhado", explica o psicólogo. Durante um ano, foram avaliados 72 doentes de Alzheimer e comparados com 72 pessoas saudáveis com características de género, sociodemográficas, de idade e de escolaridade idênticas. "Para encontrarmos as pessoas tivemos de contactar mais de 150", lembra o investigador. Os resultados compensaram. Comparando a ingestão de café dos doentes nos 20 anos que antecederam o diagnóstico, com o mesmo período nas pessoas saudáveis, e também no pós-diagnóstico para os primeiros e no mesmo período para os saudáveis, verificou-se que os saudáveis haviam ingerido mais do dobro do café no primeiro período considerado, e quase o quádruplo no segundo.

Conclusão: quem não consome café tem um risco acrescido em 40% de desenvolver a doença de Alzheimer.

Estava aberto caminho a novos estudos. Alexandre Mendonça continua a desenvolver investigação na área. Luís Maia continua a trabalhar em doenças neurodegenerativas. Mas, cafeína, só nas duas a três chávenas que bebe todos os dias.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Cientistas conseguem fazer com que células de melanoma se autodestruam

Foi identificado um composto capaz de desencadear a autodestruição de células de melanoma, abrindo portas para o fabrico de novos fármacos para o cancro da pele. Trata-se de uma molécula sintética que activa dois programas de morte celular: a apoptose e a autofagia (a apoptose é uma modalidade específica de morte celular, ligada ao controlo do desenvolvimento e do crescimento, enquanto a autofagia é um processo pelo qual as células são digeridas).
Um grupo de cientistas espanhóis, do Centro Nacional de Pesquisas Oncológicas (CNIO, na sigla em inglês), dirigido por María Soengas, tinha conseguido, em pesquisas anteriores, encontrar os compostos capazes de activar a apoptose em células de melanoma, mas estes medicamentos tinham sérios efeitos colaterais ou não eram suficientemente potentes contra a metástase. "O interessante" deste estudo, publicado no último número da revista científica "Cancer Cell", é ter descoberto o modo pelo qual se activam simultaneamente os dois processos de morte celular, segundo María, que especificou que, até ao momento, os medicamentos só eram capazes de activar um destes processos e não os dois ao mesmo tempo. "Vimos que com ratos é efectivo, agora temos que melhorar a administração e a eficácia", afirmou.
Na imagem: vaso sangíneo de um melanoma

Investigadora espanhola procura a influência da música em células cerebrais

Uma investigadora espanhola está a tentar identificar a influência da música nas células-tronco do cérebro, procurando perceber, por exemplo, se música nos hospitais pode favorecer a cura dos doentes.
A médica e musicoterapeuta Neysa Navarro iniciou a tese de doutoramento há quase quatro anos na Universidade de Valladolid, em Espanha, e pretende provar se a música tem influência na reprodução ou morte de neurónios das células-tronco de um rato.
A equipa de Navarro tem medido a influência de três parâmetros - música, silêncio e ruído - numa quantidade determinada de células para demonstrar se se reproduziram mais ou menos, se morreram ou se os seus neurónios sofreram alterações.
Esperemos que seja bem sucedida!

Estudo comprova que actividades físicas melhoram o sono das crianças


Um estudo recente valida cientificamente o que muitos pais já sabiam: a criança que faz actividades físicas regulares adormece mais rapidamente.
Segundo os autores do estudo, publicado na revista Archives of Disease in Childhood, cair no sono mais rapidamente está associado a uma maior duração do sono. Os investigadores registaram 871 crianças de mães australianas no nascimento, incluindo, sete anos depois, 591 dessas crianças no estudo. Utilizando medidores de actividade na cintura dessas crianças, os especialistas notaram que a demora média para uma criança adormecer seria de 26 minutos. Para cada hora de sedentarismo durante o dia, havia um aumento de 3,1 minutos no tempo que ela gastava a tentar dormir. “Essas descobertas enfatizam a importância da actividade física para crianças, não apenas para a forma física, a saúde cardiovascular e o controlo de peso, mas também para promover o bom sono”, concluíram os autores.

Alimentos aliados do Verão

Para proteger. Para bronzear. E para hidratar. Quais são os alimentos que ajudam a viver um Verão mais saudável? Uns existem durante todo o ano, outros são mais frequentes nesta época. Mas todos apresentam propriedades benéficas. Saiba quais são.

Para proteger
Não substituem (de forma nenhuma!) o protector solar, mas alimentos com cor avermelhada, como o tomate, a melancia, os morangos ou as cerejas, têm uma palavra a dizer no que respeita à protecção do organismo contra a acção dos raios solares. É que a substância que lhes dá essa cor, denominada licopeno, tem uma poderosa acção antioxidante que se crê ser uma mais-valia na protecção contra os raios ultravioletas e, consequentemente, contra o envelhecimento prematuro da pele. Mas o poder do licopeno vai ainda mais longe: várias pesquisas científicas têm verificado que o seu consumo está associado a uma diminuição do risco de patologias crónicas, como o cancro - as evidências mais fortes têm sido concernentes ao cancro da próstata, pulmão, ou estômago - e doenças cardiovasculares.
O tomate maduro ou os seus derivados que incluam a casca (molho ou polpa de tomate) são, de longe, os alimentos com maiores quantidades de licopeno. Curiosamente, esse antioxidante é absorvido de modo mais eficaz pelo organismo quando o tomate é cozinhado. Por outro lado, uma vez que é uma substância lipossolúvel (dissolve-se na gordura), deve-se juntar, idealmente, um pouco de azeite, para uma melhor absorção. O licopeno concentra-se sobretudo na casca do tomate e próximo dela, pelo que se torna assim preferível consumir este alimento com casca.
Por isso, já sabe: use e abuse, por exemplo, das saladas de tomate, este Verão, temperadas com azeite (e vinagre)! E, por que não, acompanhadas de uma bela sardinha assada? Trata-se de uma refeição muito típica desta época, e apresenta bastantes benefícios, já que a sardinha é um bom fornecedor de proteínas de elevado valor biológico, ácidos gordos insaturados (predominantemente os ómega 3) que auxiliam na protecção das doenças cardiovasculares.

Para bronzear
Se deseja um bronzeado belo e duradouro, os alimentos ricos em betacaroteno podem dar uma ajuda. As principais fontes dessa substância pró-vitamina A são a cenoura, abóbora, mamão, manga, batata-doce, mas também pode ser encontrada, em quantidades menores, nos espinafres, bróculos, couve, etc.
O betacaroteno é um antioxidante, que, além de beneficiar a visão, combater a acção dos raios ultravioletas, aumentar a imunidade, dar elasticidade à pele, aumentar o brilho dos cabelos e o fortalecimento das unhas – e uma série de outras acções benéficas para a saúde –, está envolvida no aumento da coloração da pele. Quando transformado em vitamina A no nosso organismo, conduz à formação de melanina, pigmento responsável por proteger a pele dos raios ultravioletas e pela cor bronzeada que vai adquirindo com a exposição ao sol.
Por isso, já sabe, para manter um bronzeado homogéneo e duradouro não tem de correr riscos desnecessários ao expor-se ao sol: coma cenoura e outros alimentos ricos em betacaroteno! Mas sem abusar: uma vez que o consumo excessivo de betacaroteno poderá desencadear um efeito colateral: o aparecimento de uma coloração amarelada nas palmas da mão e no resto da pele, denominada por hipercarotenodermia. Por isso, nada de exageros! O melhor conselho é um consumo variado e diário de 400 gramas de frutas e produtos hortícolas.

Para hidratar
A água é, sem dúvida, o principal aliado do Verão. Porque, durante esta época, as necessidades desse bem essencial aumentam, já que as perdas de água do nosso organismo – devido ao calor – são mais elevadas. Um adulto perde uma elevada quantidade de água por dia, através da urina, das fezes, da respiração e da sudação – que aumenta com a prática de actividade física e com o calor –, pelo que é imperioso ingerir água numa quantidade que compense as perdas. Os especialistas aconselham que se beba aproximadamente, pelo menos, 1,5 litros de água por dia (cerca de oito copos), já que, habitualmente, obtemos a restante quantidade de que necessitamos através dos alimentos. Contudo, segundo um estudo recente do comité científico do Instituto de Hidratação e Saúde, a maioria dos portugueses não bebe a quantidade de líquidos recomendada!
Essa tendência deve ser invertida. Afinal, um consumo insuficiente de água pode levar a um estado de desidratação, cujos sintomas são dores de cabeça, cansaço e perda de concentração. A desidratação crónica pode provocar graves problemas de saúde, como obstipação e cálculos renais. Note que a sensação de sede só se desenvolve quando os níveis de hidratação do organismo atingem valores abaixo do desejável. Ou seja, é sinal de que o nosso organismo já perdeu entre um a dois por cento da água de que necessita. Assim, não se deve hidratar apenas quando tem sede. Por outro lado, deve-se ter em conta que a percepção da sensação de sede vai diminuindo com a idade…
Para além da água, as infusões, as tisanas e a cevada são também uma boa opção para hidratar. E atenção ao consumo de café e cerveja, nesta época! É que alguns estudos têm demonstrado que o consumo de café e bebidas alcoólicas podem levar à desidratação. Por isso, ter sede não é uma boa razão para se beber cerveja – deve-se sempre optar pela água!

Outros alimentos aliados do Verão
Foram mencionados apenas alguns alimentos que podem ser aliados do seu Verão, para proteger, para bronzear ou hidratar. Mas há muitos outros. Aproveite a variedade de frutas disponíveis nesta época – ricas em vitaminas e sais minerais, sempre uma mais-valia para a nossa saúde –, e até as possibilidades de um grelhado! Experimente novos sabores – como produtos hortícolas e fruta grelhados – e prefira o peixe à carne…
Aproveite esta época para diminuir o consumo de gorduras e açúcares, e praticar uma alimentação mais “leve” (e não necessariamente menos saborosa!), rica em hortofrutícolas. No entanto, hábitos alimentares saudáveis devem ser adoptados durante todo o ano, e não apenas no Verão. Por exemplo, o tomate e seus derivados, que constatámos que são ricos em licopeno, um poderoso antioxidante que protege de várias doenças, está disponível durante todo o ano e, por isso, deve ser consumido frequentemente.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Substância presente no vinho tinto previne infecções graves


Uma equipa de cientistas da universidade escocesa de Glasgow anunciou ter descoberto que um anti-oxidante que existe em grandes quantidades no vinho tinto previne infecções que podem degenerar em septicémias (infecções generalizadas do corpo). Este anti-oxidante (o resveratrol) encontra-se na pele das graínhas da uva e em muito maior quantidade no vinho tinto do que no vinho branco. Também já lhe foram atribuídos outros benefícios para a saúde: prevenir a formação de coágulos e combater o cancro.
Numa experiência com dois grupos expostos a um potente agente de infecção, a equipa de cientistas descobriu que o grupo que não tinha feito um tratamento prévio à base de resveratrol desenvolveu uma reacção grave semelhante a uma septicémia, que pode causar falha generalizada dos órgãos e a morte. Por outro lado, o grupo que recebeu doses de resveratrol não desenvolveu qualquer tipo de infecção.
Segundo os investigadores, o resveratrol impede a formação de duas enzimas que têm um papel fulcral no desenvolvimento de inflamações graves, a sphingosine kinase e a phospholipase D.
«Doenças inflamatórias severas como a septicémia são muito difíceis de tratar e muita gente morre por falta de tratamento», explicou o médico Alirio Melendez, um dos cientistas da equipa da universidade de Glasgow. «Ainda por cima, muitas pessoas que sobrevivem a uma septicémia saem dela com uma péssima qualidade de vida devido aos danos causados pela infecção aos diversos órgãos internos. O objectivo último do nosso estudo era o de identificar uma nova terapia para ajudar no tratamento de doenças inflamatórias severas», explicou.
Esta descoberta foi publicada no jornal da Federação das Sociedades Americanas de Biologia Experimental (FASEB, no acrónimo em inglês). «O potêncial terapêutico do vinho tinto estava engarrafado desde há milhares de anos e agora os cientistas descobriram os segredos, identificaram a forma como a acção do resveratrol pode gerar novos tratamentos contra infecções mortais», declarou o director do jornal da FESAB, Gerald Weissman.